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Guerra: ‘Polônia enviará tanques Leopardos para ajudar Ucrânia contra a Rússia’

O governo de Kiev quer que o tanque Leopardo 2, de fabricação alemã, rompa as linhas russas e recapture território este ano.

VARSÓVIA/KIEV (Reuters)—O primeiro-ministro da Polônia disse nesta segunda-feira que seu governo pedirá permissão à Alemanha para enviar tanques Leopardos para a Ucrânia—e planeja enviá-los quer Berlim concorde ou não.

O governo de Kiev quer que o tanque Leopardo 2, de fabricação alemã, rompa as linhas russas e recapture território este ano.

A pressão sobre Berlim—que deve aprovar as reexportações dos Leopardos—também partiu de ministros de Relações Exteriores da União Europeia reunidos em Bruxelas. O ministro das Relações Exteriores da Letônia disse que "não há bons argumentos" do por quê os tanques de guerra não devem ser fornecidos.

A questão dominou as discussões recentes entre os aliados do ocidente sobre quanto e que tipo de ajuda material eles devem dar à Ucrânia, considerando este o primeiro aniversário da invasão russa.

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, cujo país é vizinho da Ucrânia, disse na segunda-feira que Varsóvia pedirá permissão à Alemanha para reexportar os tanques Leopardos para a Ucrânia.

Mas ele acrescentou:

"Mesmo se não obtivermos essa aprovação... ainda assim transferiremos nossos tanques junto com outros para a Ucrânia. A condição para nós no momento é construir pelo menos uma pequena coalizão de países."

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha parecia manter a porta aberta para a aprovação de tais remessas no domingo, quando disse que 'Berlim não ficaria no caminho se a Polônia quisesse enviá-los'.

Acredita-se que a Ucrânia e a Rússia estejam planejando ofensivas de primavera para quebrar o impasse no que se tornou uma guerra de desgaste no leste e no sul da Ucrânia. A luta atual está centrada na cidade de Bakhmut, no leste, onde o grupo de 'Mercenários Wagner' da Rússia e as forças ucranianas estão travando uma batalha.


Enquanto isso, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, enfrentava um escândalo de corrupção que poderia diminuir o entusiasmo ocidental pelo seu governo.

Um jornal informou que os militares ucranianos supostamente garantiram alimentos a preços altamente inflacionados, e um vice-ministro renunciou após uma investigação sobre as alegações de que ele aceitou propina.


LEOPARDOS A CAMINHO?

Autoridades ucranianas vêm pedindo há meses aos aliados do Ocidente que lhes forneçam tanques Leopardos. Até agora, a Alemanha evitou enviá-los e disse que outros países da OTAN ainda 'não pediram formalmente para reexportá-los'.

Após os avanços ucranianos no segundo semestre de 2022, as linhas de frente ficaram praticamente congeladas por dois meses, apesar das pesadas perdas de ambos os lados. A Ucrânia diz que os tanques Leopardos dariam às suas tropas terrestres mobilidade, proteção e poder de fogo para romper as linhas defensivas russas e retomar seu avanço.

"Precisamos de tanques. Não 10 ou 20, mas várias centenas", escreveu o chefe de gabinete de Zelenskiy, Andriy Yermak, na segunda-feira no Telegram. "Nosso objetivo é (restaurar) as fronteiras de 1991 e punir o inimigo, que pagará por seus crimes."

Os aliados ocidentais prometeram bilhões de dólares em armas para a Ucrânia na semana passada, mas não conseguiram persuadir a Alemanha a se comprometer a permitir a entrega dos Leopardos.

Em uma aparente mudança na posição da Alemanha, a ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, disse no domingo que seu governo não bloquearia a Polônia se ela tentasse enviar seus Leopardos. Chegando a Bruxelas na segunda-feira, Baerbock se recusou a elaborar esses comentários ou dizer se ela estava falando em nome de todo o governo. Ela disse que era importante "fazer tudo o que pudermos para defender a Ucrânia".

O partido social-democrata do chanceler Olaf Scholz argumenta que o Ocidente deve evitar movimentos repentinos que possam intensificar a guerra. Mas vários aliados rejeitam essa posição, dizendo que 'a Rússia já está totalmente comprometida com seu ataque à Ucrânia'.

"Neste momento, não há bons argumentos para explicar por quê os tanques de guerra não podem ser fornecidos", disse o ministro das Relações Exteriores da Letônia, Edgars Rinkevics. "O argumento da escalada não funciona, porque a Rússia continua escalando."

O ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, disse que os tanques não devem ser retidos nem mais um dia, enquanto o ministro das Relações Exteriores de Luxemburgo, Jean Asselborn, disse que a Rússia pode vencer a guerra se os europeus "não ajudarem a Ucrânia com o que precisam agora".


UMA GUERRA TERRÍVEL

Os legisladores americanos pressionaram seu governo no domingo a exportar tanques de batalha M1 Abrams para a Ucrânia, dizendo que mesmo um número simbólico ajudaria a levar os aliados europeus a fazer o mesmo.

A Grã-Bretanha disse que fornecerá 14 tanques Challenger 2 para a Ucrânia. O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que não descarta a possibilidade de enviar tanques Leclerc à Ucrânia.

Os leopardos são vistos como a melhor opção para a Ucrânia porque estão mais amplamente disponíveis do que os tanques britânicos e franceses e usam menos combustível do que os Abrams americanos movidos a turbina.

O Kremlin disse na segunda-feira que as divisões na Europa sobre o fornecimento de tanques a Kiev mostram que há um "nervosismo" crescente dentro da aliança militar da Otan.

"Mas é claro que todos os países que participam, direta ou indiretamente, do envio de armas para a Ucrânia e da elevação de seu nível tecnológico são responsáveis" pela continuação do conflito, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

A reunião dos ministros das Relações Exteriores da União Europeia também deve discutir a respeito de fornecer mais ajuda militar para a Ucrânia. O chefe de política externa da UE, Josep Borrell, disse esperar que eles aprovem outra parcela de apoio de 500 milhões de euros (US$ 545 milhões).

Desde sua invasão em 24 de fevereiro de 2022, que ela considera se defender de um Ocidente agressivo, a Rússia assumiu o controle de partes da Ucrânia que diz nunca mais retornar. A Ucrânia disse que a restauração de sua integridade territorial não está aberta para negociação.

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